Para
nós que gostamos – e fazemos – algum tipo de trabalho manual, que bem sabemos não
ser apenas uma questão só de habilidade técnica, devemos preservar algum traço
desta função, a criatividade, que segundo a neurociência seria comum a todo ser
humano se ele não tivesse vacilado e perdido. O que não quer dizer que não
possa recuperá-la.
Existem
pesquisas da neurociência e dicas de especialistas que servem para qualquer
cérebro. “Eu não conheço nenhum humano
que não seja criativo. Se você não tem mais criatividade, você perdeu sua
humanidade”, diz Mark Randall*
É
o que você vai ver nessa entrevista abaixo.
1 - Valorize suas ideias e pare de se importar com a opinião dos outros
Pablo
Picasso já dizia que todas as crianças nascem artistas. “O problema é manter
-se artista depois de crescido”, afirmava o pintor. Por quê? “Às vezes as
expectativas dos outros minam a nossa criatividade, mas muitas vezes nós
fazemos isso com nós mesmos”, afirma Randall. Aquela gozação do coleguinha
sobre sua letra ou a professora que lhe disse que desenho não era com você
podem ter causado um efeito maior do que você imagina. Por sorte, ninguém pode
acabar com sua criatividade sem seu consentimento. A maioria dos grandes
artistas não davam a mínima para a opinião dos outros. Valorize seus rabiscos,
mesmo que ninguém mais os valorize.
2 - Faça perguntas, muitas perguntas
Certa
vez, perguntaram a Albert Einstein como ele resolvia problemas, e ele respondeu
que, se tivesse uma hora para resolver um problema e sua vida dependesse disso,
ele passaria 55 minutos definindo a pergunta certa a fazer. “Quando eu soubesse
a pergunta correta, poderia resolver o problema em menos de cinco minutos”,
disse o gênio.
Como
Keith Sawyer disse no livro Zig zag:
The Surprising Path to Greater Creativity, se você está empacado em
algum problema, é porque está respondendo a pergunta errada. “Pensar coisas novas
exige fazer novas perguntas, não responder as mesmas perguntas melhor ou de
formas diferentes. As melhores respostas surgem depois de redefinir a
pergunta”, diz Randall.
3 - Rebele-se
Osho,
guru indiano e mestre da meditação, dizia que a criatividade é a maior rebelião
da existência. Faz sentido na medida em que, para descobrir um problema e
resolvê-lo da melhor forma possível, você precisa enxergá-lo. Se você aceita a
realidade como ela é, dificilmente você vai teorizar sobre como ela poderia ser
diferente. “Nesse sentido as pessoas precisam discordar mais, dizer ‘eu sei que
é assim, mas poderia ser muito melhor’. O termo que eu uso é ser
construtivamente insensato”, afirma Randall.
4 - Combine ideias antigas
Segundo
Keith Sawyer, os melhores insights vêm da combinação de ideias completamente
sem relação. “Desenhe um móvel que lembra uma fruta ou um abajur que também é
um livro ou apenas escolha duas palavras aleatoriamente fechando seus olhos e
apontando para páginas de um livro e invente uma combinação”, diz ele no seu
último livro.
Você
também pode gerar novas ideias fazendo uma lista sobre como o mundo poderia ser
diferente, por exemplo, se existissem cinco sexos ou se a gravidade cessasse um
segundo por dia. Depois, é só cruzar as respostas e tentar extrair algo
genuíno.
5 - Abra caminhos
Leonardo
da Vinci, um dos maiores gênios da história, não era apenas um artista, mas
arquiteto, músico, matemático, engenheiro, especialista em anatomia, geólogo e
botânico. Ufa. Lembra aquele sonho infantil de ser cantora-modelo-atriz-e-apresentadora.
Pode ser improvável na vida real (ao menos para mim), mas se tem algo que
criança entende é de criatividade. Basicamente porque a criatividade está
ligada ao apetite voraz por conhecimento. Por isso, pessoas criativas geralmente
se dedicam a assuntos sobre os quais elas nada sabem só pelo hobby.
O gosto
pela variedade também pode ser aplicado a pessoas. Quanto mais diverso é seu
grupo de amigos, melhor. Ter a cabeça aberta pode ajudar você a ter ideias
inovadoras, de acordo com Sawyer. “Quando você está em um obstáculo criativo,
tente imaginá-lo como um problema em um mundo completamente diferente, como no
de design de móveis, em uma prisão ou circo. Como seu problema pareceria nesse
mundo? Como você o resolveria?”.
6 - Mexa o cérebro
São
vários os estudos da neurociência que fazem uma relação entre criatividade e
atividade no lobo temporal do cérebro, mais especificamente no giro temporal
superior. Pesquisas apontam que acontece uma espécie de tsunami de ondas gama
(ou o aumento da energia das ondas cerebrais) durante o momento “eureca”.
Outra
pesquisa, da Universidade do Novo México, observou que quando as pessoas estão
engajadas no processo criativo, há menos atividade no lobo frontal. Segundo o
professor John Kounios, da Unviersidade de Drexel, pouco antes da “eureca”,
ondas de relaxamento passam pela parte de trás da cabeça. Essas ondas são
ativadas por atividades que relaxam o cérebro, como quando você fecha os olhos,
medita ou corre. Charles Darwin, por exemplo, estava lendo uma tese de Thomas
Malthus sobre população por pura diversão quando conseguiu cristalizar sua
teoria de seleção natural. Se Darwin conseguiu, você também consegue. (galileu)
* Mark
Randall, chefe de estratégia e vice-presidente de criatividade digital da Adobe.
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